Atualmente os profissionais têm duas ambições afloradas. A primeira é de ser um servidor público e a segunda é deter sua própria empresa. E convenhamos das duas, ter sua própria empresa é a que mais brilha os olhos.
Quem não quer ser o patrão?
Por uma visão superficial os patrões tem um alto padrão de vida, com salas grandes, secretarias, bajulações, carrões, famílias felizes e bonitas e estão sempre fazendograndes viagens. Quem não quer isso? Eu particularmentequero, claro!
Como diria os velhos chavões: “nem tudo que reluz é ouro” e “a grama do vizinho é sempre mais verde”, mas não quer dizer que ela seja natural, não é mesmo?
Para que uma empresa tenha um faturamento médio de 10- 20 milhões/ano, ou seja, uma média empresa, o fundador desta empresa empenhou de 20 a 40 anos da sua vida para consolidá-la.
Começou jovem, suponhamos, com seus 28-35 anos. Início esse, também de sua vida familiar.
Existem cinco regras para se conseguir crescer como empreendedor: dedicar tempo e dinheiro, ter paciência, flexibilidade e muita disciplina.
Na Sucessão Familiar a manutenção deste sucesso é desafiada. Geralmente os filhos dos grandes empreendedores cresceram em uma ascensão financeira, vendo a luta, o suor e as dificuldades diárias tomadas pelos pais.
Enfim chegam os 20 anos, após a fundação da empresa, os filhos já estão adultos e trabalham na empresa, nesta altura, existem filhos, sobrinhos, cunhados, irmãos, vizinhos, enfim, uma grande empresa familiar.
Todos conhecem todos, porém o lema sempre foi:“assuntos pessoais são tratados fora da empresa e assuntos de trabalho dentro”, o que fazia parecer uma boa forma de se gerir. Mostrando maturidade e respeito, e esta fórmula só poderia estar dando resultados ascendentes, correto?
Não necessariamente. Pois grande parte das empresas familiares fecham devido à briga entre os sócios. As brigas familiares influenciam a administração indiretamente e acaba virando uma bola de neve. Com 20 anos a frente de uma empresa o patriarca/presidente fundador geralmenteprepara um filho para ser seu sucessor. E eis que surge o que conhecemos como Sucessão Familiar nas empresas.
Segundo o BNDES, apenas 30% das empresas brasileiras passam para a 2ª geração de herdeiros. Das que passam para a 2ª geração, mais de 90% não passam para a terceira.
Motivos? Como os já mencionados anteriormente,desentendimentos entre sócios, influência da vida pessoal em uma maior escala, falta de profissionalismo na sucessão e uma meritocracia velada no famoso “QI” (quem indica).
Claro que não podemos generalizar que o desfecho de umaempresa familiar é o fracasso. Haja vista o exemplo dosucesso internacional da empresa familiar do Grupo Votorantim, já a mais de três gerações em franco desenvolvimento.
Assim como, temos exemplos de sucesso empresarial das Lojas Americanas, a Privat Equity 3G, Catchup Heinz,Burguer King e nada mais nada menos que a AB InBev a maior cervejaria do mundo administradas pelos Empresários Marcel Telles, Jorge Paulo Leman e Beto Sicupira. Essas não adotaram a sucessão familiar, mas simmétodos mais radicais que garantiram sucessos absolutostendo como premissas trabalho árduo, meritocracia(verdadeira, “ganha” reconhecimento quem realmente produziu) e NÃO ter nenhum parente próximo trabalhandonas empresas (exceto como trainees pelo período de no máximo um ano). Essa é uma fórmula que deu certo para esses empresários entretanto não podemos por esse motivo desqualificar a opção da Sucessão Familiar visto que nesta fórmula temos outras variáveis que podem ser ainda mais determinantes, porém a reunião delas realmente se apresenta como uma opção de alto valor estratégico para uma empresa.
Realmente é complicado esperar profissionais maduros o suficiente para administrar uma empresa onde seu irmão é seu chefe, seu cunhado é seu gerente financeiro e seu primo é seu gerente comercial e a vida pessoal de todos fica sempre em casa e o trabalho, no escritório. E isso é sempre mantido mesmo durante a troca de presentes donatal ou durante o batizado do seu sobrinho ou nos almoços de domingos na casa da vovó.
E permanece a questão então: é possível obter sucesso emempresas familiares? Existe alguma fórmula? Seja a empresa familiar ou não acredito que a fórmula para assegurar uma empresa se torna imbatível se conter em seus numeradores a soma dos seguintes fatores: disciplina, transparência, justiça, honestidade e como premissa doIMD-LODH Award (prêmio internacional concedido às empresas familiares) práticas corporativas comprometidas com a cidadania, expressas em ações de responsabilidades social e preocupação com o desenvolvimento sustentável. Assim como conhecimento, trabalho, foco, dedicação, liderança e atualização do mercado. E caso haja um denominador, este deve ser tratado de forma impessoal.
Portanto, me atrevo a concluir que a sucessão familiar não é necessariamente um problema. De uma maneira geral toda empresa seja ela familiar ou não está sujeita a vícios de relacionamento que se tornam problemas. Valendo ressaltar que em empresas familiares seguramente temos que lidar com pessoas com um alto grau de intimidade, com um emaranhado de emoções que são alimentadas tanto dentro quanto fora do trabalho. A maturidade e o controle precisam ser maiores. Por isso não desacreditem as empresas familiares, apenas tenham o cuidado de promover contínuo amadurecimento profissional e em um primeiro sinal de descontrole ou procure uma ajuda profissional externa e imparcial, esqueça o orgulho e lute pelo que é certo e pelo que os números são a favor ou faça parte das estatísticas.